
Fisioterapeuta Mateus Leite
Como é feita a fisioterapia na coluna lombar: uma jornada de volta ao movimento
A cena é familiar.
Você acorda, tenta levantar da cama e, de repente, o mundo encolhe para dentro da sua lombar. Um travamento súbito, uma fisgada inesperada, aquele silêncio tenso entre sentir a dor e tentar entender o que aconteceu. O corpo inventa estratégias de sobrevivência: apoia no colchão, curva o tronco, prende o ar.
E, nesse intervalo curto mas tão profundo surge a pergunta que todo mundo que já teve dor lombar já fez:
“Será que isso vai passar?”
É aqui que a fisioterapia entra não como um conjunto de técnicas, mas como uma forma de reconectar você àquilo que seu corpo sempre soube fazer: se mover sem medo.
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Resumo rápido
O tratamento inicia com uma avaliação completa, que identifica a causa da dor.
A abordagem combina terapia manual, exercícios, reeducação postural e tecnologias complementares.
A fisioterapia atua para reduzir dor, restaurar função e evitar recorrências, sempre com base científica.
1. Quando a coluna fala, o corpo responde: entendendo as dores lombares
A lombalgia não é um único tipo de dor — é um cenário complexo com múltiplas possibilidades. Para entender o tratamento, é preciso entender o que está doendo, por que está doendo e como seu sistema nervoso interpreta tudo isso.
Entre os tipos de dor mais comuns, quatro aparecem com mais frequência — e muitas vezes se misturam. A seguir, você vai encontrar explicações simples, exemplos reais e dicas práticas para identificar cada uma.
1.1 Dor por irritação química: quando o disco acende o alarme
Muita gente imagina o disco “apertando” o nervo. Mas, em muitos casos, o problema não é aperto — é irritação química.
Quando o disco sofre desgaste ou pequenas fissuras, ele libera um tipo de líquido inflamatório, que funciona como quando algo arde no olho: não precisa apertar — só de irritar já incomoda.
Como isso aparece no corpo?
Dor mais profunda, como se viesse “de dentro”.
Sensação de peso na lombar.
Manhãs mais difíceis.
Rigidez que melhora quando você começa a se mexer.
Piora após longos períodos sentado ou deitado.
Dicas para identificar:
Se você acorda “travado” mas melhora ao movimentar, isso costuma ser irritação química.
Se ficar sentado muito tempo deixa tudo pior, é outro indicativo.
Exemplo real: aquela dor que parece espalhar para o quadril ou glúteo sem seguir um caminho definido.
Box: Como diferenciar dor mecânica x dor química
Dor Mecânica
Piora com movimentos específicos.
Melhora ao mudar de posição.
É mais localizada.
Comum em quem passa muito tempo sentado ou repetindo mesmos movimentos.
Dor por Irritação Química
Piora de manhã e após ficar parado.
Vem com rigidez acentuada.
É profunda e difusa.
Pode irradiar mesmo sem compressão.
Melhora ao longo do dia.
1.2 Dor neural: quando o nervo protesta
Pense em um fio desencapado: ele funciona, mas qualquer toque dá choque. O nervo irritado se comporta da mesma forma.
A dor neural aparece quando o nervo fica inflamado, comprimido ou sensível demais.
Sinais típicos:
Queimação, choque ou fisgada.
Formigamento ou dormência.
Dor que “corre” pela perna.
Piora ao tossir, espirrar ou sentar.
Sensação de fraqueza na perna.
Dicas para identificar:
Se a dor segue um caminho — glúteo → posterior da coxa → panturrilha — isso é típico de nervo.
Se tocar ou apertar não muda a dor, mas um movimento de coluna piora, isso sugere dor neural.
Exemplo real: dor que parece “descer” como um fio elétrico pela perna quando você amarra o sapato.
Box: Como saber se é dor neural
Sugestivos: formigamento, choque, dormência, dor em caminho definido.
Menos típicos: dor localizada ou pontos doloridos ao toque.
1.3 Dor mecânica: a mais comum — e a mais mal compreendida
A dor mecânica é fruto de movimentos repetidos, sobrecargas, posturas mantidas e fraqueza de estabilizadores.
Ela melhora com movimento leve, piora com posições prolongadas e raramente acorda a pessoa à noite.
Características típicas:
Dor localizada em um ponto ou região.
Piora ao fazer determinado movimento (agachar, inclinar, levantar peso).
Melhora rapidamente ao mudar de posição.
Pode piorar no final do dia.
Dicas para identificar:
Se você encontra “posições de alívio”, é provável que seja mecânica.
Se a dor aparece após um esforço específico (carregar compras, varrer chão), isso também indica dor mecânica.
Exemplo real: dor que aumenta quando você se inclina para frente para escovar os dentes.
1.4 Dor nociplástica: quando o sistema nervoso fica em “modo alerta”
Aqui, o problema não é o músculo ou o disco — é o sistema nervoso trabalhando acima do necessário.
É como um alarme sensível demais, que dispara com um toque leve.
Isso acontece quando fatores como estresse, sono ruim e medo de se mexer deixam o corpo mais reativo.
Sinais típicos:
Dor que muda de lugar.
Sensibilidade aumentada a toques ou pressões leves.
Dias “bons” e “ruins” sem motivo claro.
Fadiga junto com a dor.
Piora após estresse, noites mal dormidas ou excesso de tarefas.
Dicas para identificar:
Se a dor parece desproporcional ao esforço, pode ser nociplástica.
Se você se sente mais sensível em períodos estressantes, isso reforça o diagnóstico.
Exemplo real: em uma semana a dor está no quadril, na outra no centro da lombar, depois melhora e reaparece com o cansaço.
O lado bom? O sistema nervoso aprende a se acalmar. Com informação simples, movimento leve e boas rotinas, ele volta ao seu “volume normal.”.
2. A avaliação: o capítulo mais importante do tratamento
Nada de adivinhar: o tratamento começa com uma consulta fisioterapêutica completa, um momento em que o fisioterapeuta realmente “escuta” o corpo do paciente. Nessa etapa, são avaliados:
padrões de dor e como ela se comporta ao longo do dia;
movimentos que pioram e os que aliviam;
força, coordenação e recrutamento muscular;
mobilidade da coluna, quadris e região torácica;
postura estática e dinâmica, como você anda, senta e se levanta.
Quando necessário, entram exames complementares:
Baropodometria: mostra como o peso se distribui nos pés — útil quando há diferença entre lados, dor ao caminhar ou suspeita de que a pisada influencia a lombar.
Estabilometria: mede equilíbrio e oscilação postural — especialmente útil para quem relata insegurança ao ficar em pé ou sensação de instabilidade.
Exames de imagem (raio‑X, ressonância, tomografia): usados apenas quando há suspeita de algo estrutural importante, como queda recente, dor que não melhora ou sinais neurológicos.
Marcadores bioquímicos inflamatórios: solicitados em casos mais específicos, como suspeita de inflamação sistêmica, infecção ou doenças autoimunes que podem amplificar a dor lombar.
Exemplos práticos:
Dor lombar que piora ao caminhar? A baropodometria pode mostrar se um dos pés está desviando a carga.
Travamentos recorrentes ao levantar da cadeira? A avaliação funcional revela se há fraqueza de glúteos ou rigidez de quadril.
Dor que irradia para a perna sem causa clara? A ressonância pode esclarecer se há irritação discal.
Dor acompanhada de febre ou perda de peso? Marcadores bioquímicos ajudam a descartar causas sistêmicas.
3. A ciência por trás do tratamento
As principais diretrizes internacionais [1][2][3] mostram algo muito claro: a melhora chega quando a pessoa volta a se mover com orientação, segurança e sem pressa. Não é sobre fazer tudo de uma vez; é sobre dar ao corpo a chance de reencontrar seu ritmo natural.
No fim, essas evidências apontam para a mesma essência: a fisioterapia eficaz é aquela que reconstrói a confiança no próprio corpo, ajudando o paciente a perceber, pouco a pouco, que ele pode voltar a se mover sem tanto medo.
3.1 O que a ciência recomenda na prática
De forma bem resumida, os estudos e diretrizes apontam que:
Exercícios terapêuticos e fortalecimento [4] são a base do tratamento. Em muitos estudos, cerca de 60 a 70% das pessoas com dor lombar crônica relatam melhora significativa de dor e função após 8 a 12 semanas de programa de exercícios bem orientado [3][4].
Educação sobre a dor e orientação de atividade ajuda a reduzir medo e evitar repouso excessivo. Quando combinada com exercício, aumenta a chance de bons resultados e diminui o risco de a dor se tornar crônica [3][5].
Terapia manual (mobilização, manipulação, técnicas de liberação) pode acelerar o alívio nas primeiras semanas, especialmente em crises agudas, mas funciona melhor quando é usada junto com exercícios. Estudos mostram que o ganho é maior nessa combinação do que na terapia manual isolada [3][4].
Técnicas de mobilização neural para dor no nervo ciático mostram bons resultados na redução de dor irradiada e formigamentos quando associadas a fortalecimento e movimento, principalmente em até 6 a 8 semanas de tratamento.
Recursos eletrofísicos como laser e ultrassom têm efeito mais modesto. A ciência considera esses recursos como coadjuvantes: podem ajudar em curto prazo em alguns casos, mas não substituem exercício e educação como estratégia principal [3][4].
Em outras palavras: a maior parte da melhora vem da combinação de movimento, fortalecimento e informação, com as outras técnicas entrando como apoio, e não como solução única.
4. Como é feito o tratamento da coluna lombar
A reabilitação da coluna lombar não é uma lista de técnicas — é uma construção progressiva, um processo em que cada etapa prepara o terreno para a próxima. Aqui, o tratamento ganha corpo: começa suave, amplia movimento, fortalece o que sustenta a coluna e devolve ao paciente a sensação de autonomia. não é uma lista de técnicas é uma construção progressiva, um processo em que cada etapa prepara o terreno para a próxima. Aqui, o tratamento ganha corpo: começa suave, amplia movimento, fortalece o que sustenta a coluna e devolve ao paciente a sensação de autonomia.
Pense como uma trilha: primeiro, abrimos espaço; depois, estabilizamos o caminho; por fim, garantimos que você possa caminhar nele com segurança e confiança.
A abordagem é sempre progressiva, gentil e personalizada.
4.1 Terapia manual
Box: O que é quiropraxia?
A quiropraxia usa movimentos rápidos e precisos para melhorar a mobilidade das articulações e aliviar a sensação de travamento.
O estalo não é o osso “voltando ao lugar” é apenas ar se movimentando dentro da articulação.Para que serve? Reduz dor, melhora mobilidade e diminui tensão muscular.
Quando é usada? Quando a região está rígida e precisa de mais liberdade de movimento.
Box: O que é osteopatia?
A osteopatia usa manobras mais suaves, que buscam melhorar a mobilidade de músculos, articulações e até do tecido conjuntivo.
É como “desamassar” áreas que estão presas.Para que serve? Aliviar dor, restaurar equilíbrio e melhorar coordenação dos movimentos.
Quando é usada? Quando o corpo está muito tenso, rígido ou “protegido demais”.
A terapia manual é como abrir uma janela em um quarto quente: o corpo respira melhor.
O fisioterapeuta usa movimentos leves e direções específicas para diminuir a proteção exagerada da coluna.
Inclui:
mobilizações articulares movimentos suaves que ajudam a “destravar” a região e melhorar o fluxo natural do movimento;
liberação muscular, que nada mais é do que manobras leves feitas com as mãos para soltar pontos tensos, como quando você aperta uma área dura do ombro e ela amolece — só que de forma técnica e direcionada;
técnicas de alívio de pressão, que são pressões controladas e sustentadas aplicadas em regiões que estão muito carregadas, ajudando a diminuir a sensação de peso e permitindo que os tecidos respirem melhor;
técnicas manipulativas técnicas manipulativas — aquelas usadas na quiropraxia e na osteopatia — aplicadas com precisão e suavidade, quando realmente necessárias, para devolver mobilidade e conforto. aquelas usadas na quiropraxia e na osteopatia aplicadas com precisão e suavidade, quando realmente necessárias, para devolver mobilidade e conforto.
Na dor neural, entram movimentos especiais que ajudam o nervo a “deslizar” melhor e reduzir a sensibilidade e posso explicar isso de forma simples: é como dar mais espaço para um fio passar por dentro de um cano, diminuindo o atrito e a irritação.
4.2 Recursos tecnológicos (quando necessários)
Os recursos tecnológicos são como temperos: usados na medida certa, complementam o tratamento — mas nunca substituem o movimento, que é o ingrediente principal.
Aqui está para que servem, quando costumam ser usados e exemplos práticos:
Laser
Para que serve: reduzir dor e inflamação em fases sensíveis.
Quando é usado: em crises agudas, quando a região está muito irritada.
Exemplo: aquela dor lombar que começou ontem e está difícil até de mudar de posição.
Ultrassom terapêutico
Para que serve: modular dor e rigidez em áreas específicas.
Quando é usado: em quadros musculares tensos ou pontos inflamados bem localizados.
Exemplo: dor lombar acompanhada de um ponto muito “duro” ao toque.
Neuromodulação periférica
Para que serve: reduzir a sensibilidade da dor e melhorar a função neuromuscular.
Quando é usada: em dores persistentes que não melhoram apenas com movimento.
Exemplo: dor ciática prolongada ou lombalgia crônica que oscila, mas não some.
São ferramentas de apoio — úteis em momentos específicos — mas que funcionam melhor quando associadas a exercício, orientação e tratamento ativo.
4.3 Exercícios terapêuticos: o coração do tratamento
Se a terapia manual abre espaço, os exercícios são o momento em que você ocupa esse espaço.
Eles são o núcleo da reabilitação porque reensinam o corpo a gerar estabilidade, força e coordenação. É exercício com propósito simples de entender, prático de fazer e ajustado para o seu ritmo.
Incluem:
ativação do core profundo, a “faixa de segurança” natural da lombar;
fortalecimento de glúteos, que ajudam a tirar a sobrecarga da coluna;
mobilidade da parte torácica e quadris para distribuir melhor o movimento;
controle lombopélvico, que estabiliza a região central do corpo;
treino funcional, que simula a vida real — pegar peso, agachar, girar, sentar e levantar sem medo.
Em dores nociplásticas, o exercício vira ferramenta de reprogramação do sistema nervoso. Em dores neurais, ganha tons de neurodinâmica e exposição gradual.
Além disso, quando necessário, o fisioterapeuta pode criar um programa de exercícios totalmente personalizado, ajustado ao tipo de dor, ao nível de condicionamento e à rotina do paciente. Esse tipo de programa orientado apresenta resultados superiores em relação a exercícios genéricos, porque trabalha exatamente o que o corpo precisa — nem mais, nem menos — acelerando a melhora da dor e recuperando a confiança nos movimentos. Em dores neurais, ganha tons de neurodinâmica e exposição gradual.
4.4 Reeducação postural e ergonomia
Nesta etapa, a fisioterapia entra no seu dia a dia. O objetivo é facilitar sua rotina com pequenos ajustes fáceis de entender e aplicar.
Aqui você aprende a:
sentar com mais conforto;
caminhar sem sobrecarregar a lombar;
ajustar seu ambiente de trabalho para não “puxar” seu corpo para a dor;
usar menos esforço para fazer as mesmas atividades.
Nada de “postura perfeita”. A ideia é postura possível, postura confortável, postura que funciona…
4.5 Avaliação da cadeia cinética
A lombar não trabalha sozinha ela faz parte de um ecossistema.
Por isso, avaliamos pés, joelhos, quadris e até a mecânica da marcha. Alterações nesses pontos podem contribuir para padrões de sobrecarga.
Os achados são cruzados com exames funcionais como baropodometria e estabilometria.
5. Prognóstico, número de sessões e evolução dos sintomas
O prognóstico da dor lombar raramente é uma sentença — é mais parecido com um processo de reencontro. O corpo tem uma capacidade admirável de se reorganizar quando recebe estímulos adequados, no ritmo certo.
Estudos mostram que [3][4][8]:
cerca de 70% das dores lombares agudas melhoram em até 4 semanas [3]**;
dores persistentes respondem melhor a constância e progressão gradual do que a esforços intensos e esporádicos;
iniciar tratamento cedo reduz muito o risco de cronificação.
A fisioterapia funciona como um guia: reduz a névoa, organiza o caminho e ensina o corpo a se mover com mais leveza — mesmo quando a dor parece confusa.
5.1 Número médio de sessões por intervenção
Os números não são regras — são bússolas. Eles ajudam a prever o caminho, mas cada corpo responde de um jeito.
Terapia manual
8 a 12 sessões em 4–6 semanas.
Primeiras mudanças: alívio, soltura muscular e maior mobilidade em 2–3 semanas.
Para quem funciona melhor: crises agudas, travamentos, rigidez matinal.
Exercícios terapêuticos
12 a 24 sessões ao longo de 6–12 semanas.
Primeiros resultados: melhora de força, estabilidade e redução da dor entre 4 e 8 semanas.
Para quem funciona melhor: dores recorrentes, lombalgias mecânicas, pós-crise e quem sente insegurança para se mover.
Neurodinâmica (dor neural)
6 a 10 sessões.
Primeiras respostas: diminuição de formigamento e mais conforto para sentar ou caminhar em 2–4 semanas.
Para quem funciona melhor: dor tipo choque, irradiação para perna, ciatalgia.
Educação em dor (nociplástica)
3 a 6 sessões dedicadas.
Primeiros efeitos: mais clareza sobre a dor, menos medo e maior confiança corporal em 1–3 semanas.
Para quem funciona melhor: dores que mudam de lugar, crises sem causa clara, sensibilidade aumentada.
Recursos tecnológicos
3 a 6 sessões, quando indicados.
Primeiros efeitos: alívio de curto prazo.
Para quem funciona melhor: crises agudas e sensibilização elevada.
5.2 Desfechos esperados dos sintomas
Cada tipo de dor tem seu ritmo — e entender isso tira um peso enorme dos ombros.
Dor mecânica
Melhora rápida: 1 a 3 semanas.
Mobilidade costuma normalizar em poucas semanas.
Exemplo: dor ao inclinar que melhora ao levantar ou mudar de posição.
Dor química/discal
Rigidez da manhã diminui em 7 a 14 dias.
Irradiação reduz entre 3 e 6 semanas.
Exemplo: dor profunda que alivia conforme o corpo aquece.
Dor neural
Choques e formigamentos diminuem em 2 a 4 semanas.
Movimento fica mais confortável entre 4 e 8 semanas.
Exemplo: dor que desce a perna e melhora depois de exercícios de deslizamento neural.
Dor nociplástica
Primeiras melhoras em 4 a 8 semanas.
Mudanças profundas entre 8 e 16 semanas.
Exemplo: dias bons e ruins que começam a se estabilizar; dor fica mais previsível e menos intensa.**.
6. Mitos e verdades
Algumas ideias sobre dor lombar são como sombras antigas: seguem as pessoas por anos, mesmo quando a ciência já acendeu a luz.
“O disco saiu do lugar.”
A coluna não funciona como uma gaveta discos não “saem”. Eles podem sofrer alterações, mas continuam conectados à anatomia.
“Precisa de repouso.”
O repouso prolongado alimenta a rigidez. Movimento suave é, quase sempre, parte da solução.
“Fortalecimento funciona.”
Evidência robusta mostra que músculos mais estáveis são um dos maiores protetores da lombar.
“Educação reduz medo e melhora resultados.”
Entender a dor muda a dor.
7. FAQ Perguntas Frequentes
1. Preciso de encaminhamento?
Não. Você pode agendar direto com o fisioterapeuta. Se já tiver exames, ótimo — eles ajudam a entender melhor o quadro, mas não são obrigatórios.
2. A fisioterapia dói?
O objetivo é aliviar. Algumas manobras podem gerar um desconforto leve, como o corpo “acordando” para se movimentar de novo, mas nunca dor forte.
3. Quantas sessões vou precisar?
Depende do tipo de dor, do tempo de início e de como seu corpo responde. Em média, as primeiras mudanças surgem entre 2 e 6 semanas.
4. Recursos como laser, ultrassom e neuromodulação ajudam?
Podem ajudar em momentos específicos, mas são complementares. O que realmente transforma é o movimento orientado.
5. Quando começo a melhorar?
Muita gente percebe alívio já nas primeiras semanas, principalmente quando entende a causa da dor e volta a se mover com segurança.
Conclusão
A lombar fala, e quando ela dói, é como se o corpo inteiro tentasse se reorganizar para seguir em frente. A fisioterapia entra justamente nesse ponto: não apenas para reduzir a dor, mas para reordenar esse diálogo interno, devolver segurança aos movimentos e lembrar ao corpo que ele sabe — e pode — se recuperar.
Ao longo do processo, o paciente descobre algo valioso: a recuperação não é um evento, é uma construção. Pequenos ajustes viram grandes mudanças. A confiança reaparece. A rotina volta a caber no corpo. E, pouco a pouco, aquilo que parecia impossível se torna natural de novo.
Cuidar da lombar é cuidar da forma como você se move pelo mundo. E isso, no fim, é sobre muito mais do que fisioterapia — é sobre recuperar liberdade.
Fisioterapeuta Mateus Leite
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Referências
[1] National Institute for Health and Care Excellence (NICE). Low Back Pain and Sciatica in Over 16s: Assessment and Management. 2016. DOI: https://doi.org/10.12788/j.sus.2016.001
[2] American Physical Therapy Association (APTA). Clinical Practice Guidelines for Low Back Pain. Disponível em: https://www.apta.org
[3] Hartvigsen J, Hancock MJ, Kongsted A, et al. What low back pain is and why we need to pay attention. The Lancet. 2018;391(10137):23562367. DOI: https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)30480-X
[4] Hayden JA, Ellis J, Ogilvie R, et al. Exercise therapy for chronic low back pain: systematic review and meta-analysis. BMJ. 2021;372:m4825. DOI: https://doi.org/10.1136/bmj.m4825
[5] International Association for the Study of Pain (IASP). Nociplastic Pain: A New Category of Pain. 2021. Disponível em: https://www.iasp-pain.org
[6] Moseley GL, Butler DS. Explain Pain. 2nd ed. Noigroup Publications; 2015.
[7] Bogduk N. Clinical Anatomy of the Lumbar Spine and Sacrum. 5th ed. Elsevier; 2012.
[8] Brinjikji W, Diehn FE, Jarvik JG, et al. MRI Findings of Disc Degeneration are More Prevalent in Adults with Low Back Pain than in Asymptomatic Controls: A Systematic Review and Meta-analysis. AJNR Am J Neuroradiol. 2015;36(12):23942399. DOI: https://doi.org/10.3174/ajnr.A4498
[9] McGill SM. Low Back Disorders: Evidence-Based Prevention and Rehabilitation. 3rd ed. Human Kinetics; 2015.