Dor no pescoço? Pilates é a solução
Se você já sentiu dor no pescoço, saiba que você não é exceção… Mas tenho uma boa notícia: o método Pilates pode ser a solução para o seu problema!
A dor no pescoço, também conhecida como cervicalgia, é uma condição comum na sociedade moderna. A estimativa é que 50% dos indivíduos adultos experimentarão dor cervical em algum momento da vida, sendo que 75% destes terão recorrência da dor nos cinco anos seguintes (Soares e colaboradores, 2012).
Fatores como a manutenção de posturas sustentadas no dia a dia, o sedentarismo e o estresse nos levam a sentir dores. Mas você não precisa conviver com a dor! O Pilates ajuda e muito no tratamento da dor no pescoço. Além disso, ajuda você a desenvolver uma postura melhor para evitar dores futuras e lidar melhor com as demandas da sua rotina.
Quer saber como? Então continue lendo! E saiba como o Pilates pode te ajudar a dar um basta na dor no pescoço!
Principais causas da dor cervical
Acredito que a primeira coisa que deve passar na sua mente é: “Por que eu tenho dor no pescoço?” Sinto em te informar que a dor cervical geralmente é multifatorial, não sendo possível definir na maioria dos casos uma única causa. Tem fatores intrínsecos (como a idade) e/ou extrínsecos (como acidentes automobilísticos) contribuindo no seu surgimento e evolução.
Dentre as condições mais comuns encontram-se os traumas e as posturas sustentadas. Mas vamos, neste texto, dar uma atenção especial às posturas sustentadas. Sabe por que este item merece nossa atenção? Porque é muito comum a associação da dor cervical com as posturas assumidas nas atividades de trabalho, como horas em frente ao computador e o sedentarismo.
Lembre-se: nosso corpo precisa de movimento, não fomos feitos para ficarmos imóveis! Longas jornadas de trabalho com poucos períodos de descanso podem predispor a dores em várias regiões (a cervical é uma delas). E a desequilíbrios nas estruturas da coluna cervical, atrapalhando as relações entre os músculos, as articulações e o sistema nervoso.
Por isso esteja sempre atento às suas atividades, pois um programa de reeducação, de promoção de saúde e de prevenção de lesões pode ser necessário. E é bom começar pra ontem! Porque seu corpo é muito esperto… Quanto mais tempo você demorar a cuidar do seu pescoço, mais seu corpo vai se adaptar a essa situação. Posteriormente, será mais difícil, mais trabalhoso e demandará mais tempo para resolver algo que inicialmente era simples.
Não é uma simples dor no pescoço
Nas disfunções cervicais, a dor é geralmente o sintoma mais frequente. Resumidamente, o mecanismo da dor começa com a liberação e acúmulo de substâncias químicas. Esse acúmulo pode aumentar a tensão muscular nas estruturas cervicais, gerando dor miofascial, e levando a ativação de pontos sensíveis, que desencadeia a formação de nódulos de tensão que provocam dor (mesmo sem o estímulo de palpação).
A dor, principalmente quando se torna crônica, promove alterações na estrutura física que pode predispor disfunções em outras regiões que podem estar relacionados à região cervical. Pois, no pescoço, passam diversas estruturas importantes para o bom funcionamento do nosso corpo, como vasos sanguíneos e nervos (que mandam e recebem informação do nosso cérebro para todo o nosso corpo), além dos músculos e articulações.
Então, apesar de a dor ser um dos sintomas mais limitantes, é comum encontrarmos outros sinais e sintomas quando há um comprometimento cervical. Tais como:
- limitação do movimento
- redução da força dos músculos da região
- sensação de aumento da tensão muscular
- dor de cabeça
- tonteira
- alteração da posição da cabeça
- dificuldade no reconhecimento da posição do próprio corpo
- pobre controle de movimentos cervicais e dos olhos
- déficit de equilíbrio
- irradiação de dor no braço
- dor de ouvido, podendo ou não estar associadas a alteração auditiva
- entre outros
E, apesar de ser comum a presença de vertigens e alterações visuais nas pessoas com dor cervical, estas manifestações não são identificadas com frequência. Ou quando estes sintomas são observados, acabam sendo atribuídos a doenças isoladas dos sistemas visual ou vestibular. Por isso, repito: é de extrema importância prevenir o comprometimento ou, quando já estiver instalado, tratar o mais rápido possível.
Tratamento através do Pilates
Para quem sofre de dor cervical é indicada a realização de exercício físico, porque melhora os fatores causadores da dor. Os exercícios podem proporcionar uma melhora significativa na flexibilidade, na mobilidade das articulações, na coordenação, no aumento da força muscular e promoção do realinhamento postural. Com consequente redução da dor e muitas outras vantagens!
Como uma das formas de exercício físico, o Método Pilates tem se apresentado bastante efetivo no tratamento da dor no pescoço. Apresentando melhora dos aspectos relacionados à dor, função, estado geral de saúde, vitalidade e redução do consumo de analgésicos. Mas a pergunta agora é: como o Pilates consegue tratar a dor no pescoço? Vou te contar 4 formas…
Solucionando o aumento da tensão com Pilates
A ativação exagerada e o encurtamento de alguns músculos do pescoço são uma das principais causas da dor cervical e da dor de cabeça. Dessa forma, pode levar a uma mudança da posição da cabeça com consequente aumento da pressão sobre os ossos da coluna cervical, limitando o movimento e podendo gerar um desgaste precoce.
O estresse pode desencadear essa tensão exagerada, se quiser saber mais sobre os princípios do método Pilates e os seus benefícios para o estresse, clique aqui.
Assim sendo, o método Pilates pode contribuir muito proporcionando um relaxamento nos músculos do pescoço. Isso pode ser alcançado realizando uma liberação miofascial desses músculos. Essa técnica permite o relaxamento muscular através da compressão dos músculos que apresentam alguma tensão. Melhorando a amplitude de movimento e a dor no pescoço.
O Pilates também pode ajudar com um treino de mobilidade, que pode ser realizado através do alongamento progressivo dos músculos para restabelecer o arco de movimento. Há evidências de alívio da dor e melhora do alinhamento postural após o estiramento da musculatura da região cervical e da cintura escapular.
Solucionando a tonteira e a dor no braço com Pilates
Como mencionei anteriormente, na região da coluna cervical, passam diversas estruturas importantes para o bom funcionamento do nosso corpo. O aumento da tensão nos músculos do pescoço pode acabar comprimindo algum vaso sanguíneo que irrigue o cérebro, gerando a tonteira, ou uma raiz nervosa que inerva o braço, gerando a dor no braço.
Uma das formas que o Pilates pode te ajudar a acabar com esses sintomas é relaxando os músculos da região, como foi abordado no tópico anterior. Outra forma, é realizando uma tração! Esse procedimento tem como objetivo produzir um aumento do espaço entre os ossos da coluna cervical. A tração realizada durante a prática do Pilates pode aliviar o estresse colocado sobre os ossos do pescoço, melhorar a circulação sobre os tecidos, além de promover um alongamento das estruturas da região, com consequente relaxamento.
Solucionando a falta de controle corporal com Pilates
Os sistemas responsáveis pela percepção do nosso próprio corpo, equilíbrio e visão recebem informações sobre nossa postura, posição e movimentos da cabeça e dos olhos. Quem manda essa informação para o cérebro são os receptores presentes nas articulações e nos músculos do pescoço, juntamente com a informação que seus olhos captam. Por isso que você não precisa, necessariamente, olhar no espelho para saber se virou a cabeça para um lado.
Mas, se esses músculos estão tensos e as articulações se encontram em uma posição fora do padrão, os receptores não enviarão informações de qualidade para o seu cérebro. Resultando em dificuldade no reconhecimento da posição do seu próprio corpo, com pobre controle de movimentos cervicais e dos olhos e déficit de equilíbrio. Mas não se preocupe: o Pilates tem a solução!
Ao trabalhar, durante a prática do método Pilates, a sua consciência corporal com movimentos coordenados de braços e pernas, juntamente com a coordenação dos movimentos dos olhos, melhoramos estes aspectos. Podemos utilizar movimentos amplos e fluídos, bem característicos do Pilates, para melhorar sua coordenação.
Também podemos utilizar durante o atendimento de Pilates exercícios de equilíbrio, que vão te ajudar a melhorar a percepção sobre seu próprio corpo. O equilíbrio é algo fundamental para a nossa sobrevivência, fazendo com que nos mantenhamos na posição vertical, podendo ser trabalhado de diversas formas, de olhos fechados ou em plataformas instáveis, por exemplo.
Além disso, o método Pilates tem como um dos seus princípios a concentração. Se você está constantemente focado, com a mente e o corpo presentes, você será capaz se perceber melhor seu corpo.
Solucionando a má postura com Pilates
A alteração da percepção corporal e a redução da capacidade de permanecer com a cabeça em uma posição neutra podem contribuir para a manutenção de posturas inadequadas, gerando mais sobrecarga e dor no pescoço. Assim sendo, devemos levar em consideração a reeducação postural como parte integrante da prevenção e tratamento da sua dor cervical.
Mas o que é uma boa postura?! Muitas pessoas acham que existe uma postura ideal que todos deveriam seguir. Sinto dizer que esse ideal não existe. Uma postura adequada envolve um estado de equilíbrio muscular, gerando quantidade mínima de esforço e sobrecarga, protegendo as estruturas corporais contra lesões ou deformidades.
Então, não é pra você ficar se forçando e exigindo que seu corpo permaneça em uma posição que não é confortável para ele. O que você deve fazer é trabalhar ele para que seu corpo tenha condições de manter uma boa posição mesmo quando estiver relaxado. Por isso o Pilates é uma ótima opção!
Através de um treino com uma supervisão adequada e com exercícios direcionados para você, o método Pilates promoverá o fortalecimento dos músculos que estavam fracos e o alongamento daqueles que estavam encurtados.
Concluindo…
Só quem tem dor no pescoço sabe o quanto atrapalha as atividades habituais do dia a dia. Não fique esperando a dor piorar pra cuidar! Como forma de prevenir a progressão destas alterações, é fundamental o diagnóstico das manifestações menores e abordagem adequada o mais breve possível. Aproveite que existe uma forma muito prazerosa de cuidar de você: o Pilates!
O método Pilates oferece benefícios tanto em curto prazo quanto efeitos duradouros, pois é possível reprogramar o cérebro fazendo com que ele comece a enviar informações para o corpo dos movimentos corretos, desta forma mantém um alinhamento correto do corpo, independentemente se está parado ou em movimento, assim, a você poderá se mover com eficiência ao utilizar a musculatura adequada, tornando intrínseca essa informação, além de renovar e manter um novo repertório motor.
E mesmo que você não sinta dores no pescoço, me responda: você já reparou quantos movimentos você realiza no pescoço por dia? Praticamente o dia inteiro! Enquanto você caminha, pega um objeto acima da sua cabeça, olha para seu colega sentado ao lado ou atrás de você ou quando está mexendo no seu celular.
Mas você prepara seu corpo para realizar estes movimentos? Para que estes movimentos sejam realizados de forma eficiente, precisamos de uma boa preparação.
Por isso deixo aqui o convite: agende um atendimento de Pilates na Valore Fisioterapia e venha se preparar para se movimentar da melhor maneira possível para o resto da sua vida!
REFERÊNCIAS:
Beneli LM, Carvalho CF, Baldin AD. Avaliação da dor na síndrome miofascial e da flexibilidade após a prática de exercícios do Método Pilates. J Health Sci Inst. 2017;35(4):267-71.
CAZOTTI, Luciana de Araujo. Avaliação da efetividade do método pilates no tratamento de indivíduos com cervicalgia mecânico-postural crônica. 2014. 83 f. Dissertação (Mestrado) – Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2014.
RADHARANI BATISTA BLUM. EFEITO DO MÉTODO PILATES SOLO EM DORES INESPECÍFICAS DA COLUNA VERTEBRAL. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Florianópolis, 2018.
Reis e colaboradores. Avaliação dos distúrbios do controle sensório-motor em pessoas com dor cervical mecânica: uma revisão. Fisioter Mov. 2010 out/dez;23(4):617-26.
Soares e colaboradores. Correlação entre postura da cabeça, intensidade da dor e índice de incapacidade cervical em mulheres com queixa de dor cervical. Fisioter Pesq. 2012;19(1):68-72.